sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Menina do Bar


            Letícia acordava todo dia às sete horas da manhã, para abrir o bar em que trabalhava. Ela era admirada e respeitada pelo dono do bar, o seu Gilberto, e trabalhava na copa de um bar para poder pagar a faculdade de administração, que ela cursava o penúltimo semestre. Apesar de fazer curso universitário, Letícia tinha um pensamento mesquinho e pequeno. Ela era sempre importunada pelos clientes, que ficavam de domingo a domingo, que bebiam, fediam e estragavam seu dia.
            Apesar de tudo que ela passava, o seu dia era iluminado quando o bar recebia a visita de um homem de terno e gravata, usando uma pasta e conversava com todos os clientes do bar, com um sorriso amistoso. Ele nunca pediu algo, e nem dava tempo. Seu Gilberto sempre expulsava o rapaz antes que ele pudesse pedir alguma coisa. O rapaz irritava o dono do bar.
            O que mais irritava a universitária era trabalhar em cima dos vícios. Os homens gastavam no jogo de sinuca, jogo do bicho, cerveja, cigarros, enquanto a família deles, era o que imaginava ela, vivam na miséria, sem ter dinheiro para comprar a mistura do almoço. Letícia era bem humanitária, se inspirava na Madre Teresa de Calcutá. Sempre quis fazer o bem para todos, livrar todos do vício e apresentar-lhes um mundo melhor.
            Um dia, seu Gilberto não conseguiu acordar de seu sonho, entrando no sono eterno. Para a surpresa de Letícia, seu Gilberto tinha deixado o bar para ela em seu testamento. Letícia, muito abismada, sentiu-se ofendida pela herança recebida. Como o velho Gilberto acharia que ela receberia o bar? Letícia estava decidida em fechar o bar e abrir um negócio mais saudável, além de permitir o moço bonito frequentar o seu estabelecimento.
            Ao ter um encontro com o advogado de seu Gilberto, Letícia viu o faturamento do bar, e ficou fascinada. O bar ganhava mais do que ela almejava ganhar com a sua faculdade. Letícia sabia que aquilo era um sinal divino. Ela então resolveu manter o bar.
            Depois de uma pequena reforma, os velhos clientes voltaram a frequentar o bar de Letícia, e com eles, veio o homem de terno e gravata. Ele foi se aproximando de Letícia e logo vieram mil pensamentos na cabeça da universitária. “O que devo falar? O cara deve ser um empresário, um advogado, e eu? Não sei o que falar!”. O homem foi até ela, se apresentou como Marcos e abriu seu sorriso amistoso.
            Letícia suava frio, não conseguia falar. Marcos então resolveu mostrar suas intenções, ele queria fazer um trabalho de evangelização nos clientes de Letícia. Ela ficou com o rosto vermelho, mostrando sua irritação. “Como assim? Ele quer tirar a minha clientela? Nem a pau!”. Letícia expulsou Marcos de seu bar, assim como seu Gilberto fazia tantas vezes. Afinal de contas, Letícia tinha se apaixonado pelo dinheiro, e não haveria moço bonito que fosse capaz de acabar com esse amor.